Em 2022 a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) levou a cabo um inquérito europeu - Inquérito Eurobarómetro de SST - com o objetivo de obter mais informações sobre o estado da SST nos locais de trabalho pós-pandemia.

Este Eurobarómetro centra-se nos fatores de stress para a saúde mental e física com que os trabalhadores são confrontados (incluindo as tecnologias digitais atualmente utilizadas no local de trabalho) e nas medidas de SST no local de trabalho.

Mais especificamente, este inquérito explora, entre outras, as seguintes áreas:

  • Fatores de risco psicossociais relacionados com o trabalho;
  • Problemas de saúde mental no local de trabalho, incluindo medidas para combater o stresse no trabalho.
  • A utilização de tecnologias digitais no local de trabalho e os riscos conexos para a saúde dos trabalhadores;
  • Pontos de vista dos trabalhadores sobre a gestão da SST no local de trabalho.

 

Seguem alguns dados relativamente aos problemas de saúde mental no local de trabalho e o impacto da pandemia de COVID-19 nas questões relacionadas com o stress no local de trabalho:

 

1 – Falar sobre Saúde Mental

  • Os inquiridos, em toda a EU, dividem-se quanto à questão de saber se a divulgação de um problema de saúde mental teria um impacto negativo na sua carreira: 16% «concordam totalmente» e 34% «concordam», contra 13% que «discordam totalmente» e «32%» que «discordam»;
  • No entanto, perto de seis em cada dez inquiridos concordam que se sentiriam à vontade para falar com o seu gestor ou supervisor sobre a sua saúde mental (18% «concordam totalmente» e 40% «concordam»);
  • Os inquiridos com um nível de qualificação mais baixo não se sentem tão confortáveis a falar com o seu gestor sobre questões de saúde mental, do que os inquiridos com um nível de qualificação mais elevado. (53% vs 59%);
  • Os inquiridos que trabalham em microempresas também tendem a sentir-se menos confortáveis a falar com o seu gestor sobre questões de saúde mental (52%), em contraste com os inquiridos que trabalham em empresas de maior dimensão (61%-62%);
  • Os inquiridos que trabalham em empresas com um índice baixo na cultura de prevenção da segurança e saúde sentem que a sua carreira seria negativamente afetada se revelassem uma condição de saúde mental (59%), em contraste com os inquiridos que trabalham numa empresa com uma cultura de prevenção média (51%) ou uma cultura de prevenção elevada (47%);
  • Da mesma forma, a percentagem de inquiridos que concordam que se sentiriam confortáveis em falar com o seu gestor sobre a sua saúde mental é muito maior entre os inquiridos que trabalham numa empresa com uma cultura de prevenção elevada (67%) em comparação com uma empresa com uma cultura de prevenção média (55%) e, em particular, uma cultura de prevenção baixa (35%).

 

2 - Impacto da Pandemia de COVID-19

  • Mais de quatro em cada dez inquiridos em toda a UE concordam que o seu stresse no trabalho aumentou como resultado da pandemia de COVID-19 (16 % «concordam totalmente» e 28 % «concordam»);
  • Cerca de um em cada dois inquiridos concorda que a pandemia de COVID-19 tornou mais fácil falar sobre stress e saúde mental no trabalho (11% «concordam totalmente» e 40% «concordam»);
  • Os inquiridos do sexo feminino são ligeiramente mais propensos do que os inquiridos do sexo masculino a concordar que a pandemia de COVID-19 tornou mais fácil falar sobre stress e saúde mental no trabalho (52% contra 49%);
  • No entanto, também são mais propensos a referir que o seu stresse no trabalho aumentou como resultado da pandemia de COVID-19 (50% contra 39% dos entrevistados do sexo masculino);
  • Os entrevistados mais jovens são menos propensos a dizer que a pandemia de COVID-19 aumentou o seu stress no trabalho (39% contra 43%-45% dos entrevistados em categorias de idade mais avançada);
  • Os inquiridos que trabalham nos setores da agricultura, horticultura, silvicultura ou pescas e na construção civil são os menos afetados, com 33 % e 35 %, respetivamente.

 

3 - Iniciativas para abordar o stresse e os problemas de saúde mental no local de trabalho

  • Cerca de quatro em cada dez inquiridos responde que está disponível na sua organização: acesso a aconselhamento ou apoio psicológico (38%), informação e formação sobre bem-estar e resposta ao stresse (42%) e consulta dos trabalhadores sobre aspetos stressantes do trabalho (43%);
  • Cerca de um em cada quatro inquiridos responde que existem (também) outras iniciativas ou medidas no seu local de trabalho para combater o stresse no trabalho;
  • Os inquiridos em profissões profissionais, técnicas ou superiores de administração são mais suscetíveis de referir ter acesso a aconselhamento ou apoio psicológico (43% vs 29%-37% noutras profissões), informação e formação sobre bem-estar e lidar com o stress (48% vs 35%-40%) e consultas aos trabalhadores sobre aspetos stressantes do trabalho (48% vs 35%-42%);
  • O mesmo se aplica aos inquiridos que trabalham para empresas de maior dimensão. Por exemplo, 57 % dos inquiridos que trabalham em grandes empresas têm acesso a aconselhamento ou apoio psicológico, em comparação com 20 % que trabalham em microempresas (26 %);
  • 47% dos inquiridos que trabalham em empresas com uma cultura de prevenção elevada afirmam ter acesso a aconselhamento ou apoio psicológico, em contraste com 22% dos inquiridos que trabalham em empresas com uma cultura de prevenção média e 9% dos inquiridos que trabalham num ambiente com uma cultura de prevenção baixa.

 

Fonte: Inquérito da EU-OSHA - Tomar o pulso à SST — Segurança e saúde nos locais de trabalho após a pandemia