18 dezembro 2020
Webinares regionais apresentam ideias para a valorização do interior
A UGT, em parceira com as uniões distritais de Vila Real, Guarda e Portalegre, desenvolveu três webinares dedicados à temática da valorização do interior.
Este projecto desenvolvido com o apoio dos fundos estruturais europeus, teve como objectivo encontrar pistas para o combate à desertificação do interior do país, através da reunião de um conjunto de atores nesta matéria e do debate de problemáticas como a política de coesão económica, territorial e social, o desenvolvimento sustentável ou a competitividade, a inovação e a internacionalização.
A troca de ideias que estes webinares promoveram entre diferentes atores envolvidos nas realidades e especificidades regionais, de áreas tão diversas como as académicas, científicas, religiosas, empresas, entidades públicas e, obviamente, sindicais permitiram retirar um conjunto de reflexões que serviram de base para uma intervenção sindical mais efectiva no desenvolvimento de políticas de coesão terrirorial.
Efetivamente, apesar de nas últimas décadas o país ter tido um desenvolvimento notável nas mais diversas áreas, nomeadamente económica, financeira, de infra-estruturas ou educativa, continua a existir um grande desequilíbrio em termos territoriais, em especial, entre o litoral e o interior do país. As regiões do interior continuam a perder população e, consequentemente, empresas, trabalhadores, jovens, investimento e desenvolvimento económico no geral.
Há que eliminar os obstáculos à fixação das pessoas nestas regiões do país, abandonadas pelos mais jovens por não encontrarem aí oportunidades. É um ciclo vicioso em que a população procura outras regiões com mais ofertas de qualidade de vida e que, porque se vão desertificando, estas regiões vão deixando de ter condições necessárias a que outros se fixem, reduzindo as oportunidades para os que escolhem ficar.
Foram apontadas várias pistas para o combate à desertificação destas regiões.
A primeira passaria em grande medida por um processo de descentralização do Governo, atribuindo-se este poder a estruturas públicas que se situam mais próximas dos cidadãos e das especificidades de cada região do país que, apesar de pequeno, é tão rico em diversidade! Esta diversidade regional deve ser valorizada e as estruturas públicas e privadas deverão adaptar-se, de forma a darem resposta às necessidades específicas de cada região. As medidas adoptadas para um território não devem necessariamente ser generalizadas a todo o país; deverá antes atender-se às diferenças existentes.
A pandemia veio reforçar esta necessidade. Os serviços tiveram que se adaptar num curto espaço de tempo para se tornarem mais próximos dos cidadãos, já que estes passaram a não poder mover-se com tanta liberdade como até então. O confinamento mostrou a fragilidade de alguns serviços nas regiões do interior, nomeadamente serviços públicos, que continuam a concentrar-se nas grandes áreas metropolitanas, o acesso a cuidados de saúde ou a equipamentos tecnológicos e à internet. De facto, o investimento em tecnologias digitais é fundamental. Sem acesso à internet ou a equipamentos tecnológicos não é possível a trabalhadores e a empresas trabalharem em regime de teletrabalho ou a comunicarem de forma rápida e eficaz com potenciais clientes, com sucursais sediadas noutros pontos do país ou com parceiros empresariais/ comerciais.
Há que apostar no reforço destes serviços nas zonas em que eles continuam a ser limitados e há também que apostar no trabalho em rede e em parceria, pois só ele permite maior proximidade às populações de todos os territórios, inclusivamente os mais remotos e isolados, e a uma atuação consistente, adequada, atempada e assertiva.
Fundamental também é o investimento público e privado nestas zonas. Para tal, há que criar condições para a iniciativa privada, para os empresários se localizarem e fixarem nestes territórios, pois só haverá pessoas e localização de famílias onde houver emprego. Uma medida apontada foi a diferenciação positiva do quadro fiscal para o interior.
Por último, o investimento em formação profissional, que deve ter por base estudos diagnósticos das necessidades do mercado de trabalho de cada área, no sentido de qualificar pessoas em áreas de que o tecido produtivo destas regiões mais necessite, de forma a criar empregos, empresas, investimento e, consequentemente, desenvolvimento económico.
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