À saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, a Presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, defendeu uma monitorização dos fundos concedidos às empresas, no sentido de ver a sua devida aplicação.

No encontro com o Presidente da República, a dirigente sindical manifestou igualmente preocupações sobre o mercado de trabalho em Portugal e afirmou que a chegada da taxa de desemprego aos 7% "assusta", prevendo ainda cenários piores para o futuro.

"Assusta e assusta o que poderá ser o futuro. Nós sabemos que com o lay-off que existe neste momento, as empresas têm que manter os trabalhadores por 60 dias. Será que depois dos 60 dias não vai haver mais desemprego?", questionou a responsável da central sindical no Palácio de Belém, quando instada a comentar sobre a chegada da taxa de desemprego aos 7% em junho.

"Será que não foi dado este apoio às empresas, e as empresas estiveram durante este tempo todo a trabalhar, com os trabalhadores, a ser subsidiadas pelo Estado para lhes pagar uma parte do seu vencimento, e será que isso não vai gerar desemprego? É contra isso que a UGT está", vincou a sindicalista.

Acompanhada pelo presidente do Sindicato dos Bancários do Norte, Mário Mourão, Lucinda Dâmaso afirmou que a UGT defende que os apoios não "foram para criar desemprego, foram para manutenção de emprego".

"Se não criar, pelo menos manter. Se o desemprego subir devido a esta circunstância, será muito mau e a UGT obviamente trabalhará no sentido de que estas questões não aconteçam", disse Lucinda Dâmaso, considerando também "provável que a taxa de desemprego dispare".

Sobre a reunião convocada por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, a UGT, segundo a sua presidente, abordou "o desemprego, a precariedade, as questões sociais", bem como "a questão do lay-off", incluindo "o que foi e o que deveria ter sido" feito relativamente a essa medida, que considerou "um mal menor".

Sobre a nova medida de lay-off, a presidente da UGT disse que a central sindical está a "analisar de uma forma muito pormenorizada o documento", considerando que poderá "haver um conjunto de pessoas, trabalhadores e trabalhadoras, que poderão não ser abrangidos".

"Até porque vai depender muito das entidades patronais", prosseguiu, considerando que não é sabido "como é que se vai apurar a veracidade ou não" das quebras na faturação que as empresas "dizem ter", já que esse é um critério para receber apoios no âmbito do novo regime de lay-off.

Lucinda Dâmaso disse ainda que o plano do gestor António Costa Silva "não tem uma vertente social muito ampla", esperando que "o Governo, quer no Orçamento de 2021, quer nos orçamentos seguintes, nunca se esqueça que a parte social é fundamental".

A representante da UGT disse ainda que a central sindical é "muito a favor" da Concertação Social, sede em que "em termos tripartidos, se podem traçar muitas questões para o país: Governo, representantes dos trabalhadores - no caso tem sido a UGT a única central sindical a assumir acordos - e também os patrões".

(Fonte © DN/Lusa)