A UGT realizou ontem a sua reunião de Secretariado Nacional na vila de Pedrogão Grande, descentralizando os seus encontros com o objectivo de obter uma maior proximidade às populações e por solidariedade à região afectada pelos incêndios.

Nesta reunião, os secretários nacionais aprovaram uma resolução onde acusam o patronato de radicalismo na negociação do salário mínimo nacional para 2018. A central sindical lamentou a postura intransigente das confederações patronais na negociação do salário mínimo nacional para 2018, que não permitiu um acordo de Concertação Social.

A UGT considera mesmo que a postura dos patrões foi de verdadeiros usurários. Na resolução a confederação sindical afirma que nunca foi revelada pelos patrões qualquer disponibilidade para ir além dos 580 euros e revela que num documento conjunto as quatro confederações patronais exigiram que não houvessem alterações à legislação laboral e que fosse extinto de imediato o Pagamento Especial por Conta. Esta postura rígida, radical e fechada por parte dos patrões, colocou de parte a possibilidade de alcançar qualquer acordo.

O documento saúda também o papel e a postura do Governo que assumiu que as matérias propostas para um eventual acordo não deixarão de integrar a agenda da concertação social, numa referência às questões da redução da precariedade, a aposta na formação profissional ou a dinamização da negociação colectiva.

No final da reunião em declarações aos jornalistas, o Secretário-geral da UGT falou da questão da Autoeuropa e afirmou que deveriam ser os sindicatos a liderar as negociações com a Administração, considerando que a posição da Comissão de Trabalhadores dentro da empresa está “fragilizada” e que o processo negocial está “esgotado”.

No entender do líder da UGT, a Autoeuropa deveria “cumprir a Constituição da República Portuguesa”, que prevê que a negociação colectiva como primado dos sindicatos e não das comissões de trabalhadores. Carlos Silva terminou alertando para a situação contingente que se vive na empresa, havendo o perigo de deslocalização da produção.

Ainda no final da reunião, Carlos Silva anunciou aos jornalistas, que no âmbito das comemorações do 40º aniversário da central, a festa do 1º de Maio da central será celebrada em Figueiró dos Vinhos e que irão proceder à descentralização das reuniões do Secretariado Nacional nos concelhos atingidos pelos fogos. Segundo o líder sindical, em fevereiro os secretários nacionais reúnem em Oliveira do Hospital e em março vai organizar uma conferência, em parceria com a Confederação Nacional das cooperativas Agrícolas (CONFAGRI), em Castanheira de Pêra. No primeiro semestre, a UGT realizará reuniões em Tondela e em Mação, outros concelhos da região afetados pelos incêndios. Depois, a central sindical descentraliza os seus encontros dos órgãos nacionais para o distrito de Castelo Branco, Fundão e Guarda.

Esta decisão da UGT deve-se a uma necessidade de a própria sociedade civil dar atenção ao interior e contribuir para economia da região. Além da contribuição directa da central, esta tem também defendido em sede de concertação social, a necessidade de se legislar no sentido de “uma redução do IRC para valores que permitam às empresas olhar para isso como um benefícios para se instalarem no interior”.

Leia AQUI a Resolução na íntegra