Cerca de uma centena de dirigentes e activistas da UGT e dos seus sindicatos estiveram na tarde do dia 22 de julho, frente à residência oficial do Primeiro-ministro numa concentração exigindo ao Governo diálogo e uma mudança de atitude perante a concertação social.

Da educação, às telecomunicações, do sector bancário à administração pública, da TAP ao Sector Empresarial do Estado, os presidentes e secretários-gerais unidos e solidários enunciaram problemas de falta de aumentos salariais, despedimentos coletivos, precariedade e rescisões (pouco) amigáveis que colocam em causa a paz social e levarão a uma ação mais musculada por parte da UGT.

Os trabalhadores estão aterrorizados

Na sua intervenção, antes da entrega da carta reivindicativa ao Primeiro-ministro, o Secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou que o Governo “não pode andar distraído com o que se passa no país”. Carlos Silva acrescenta que o Executivo de António Costa não pode tolerar que existam despedimentos, milhares de perda de postos de trabalho e atuações patronais que colocam em causa o diálogo social e que aterrorizam milhares de trabalhadores que estão em “pânico e terror de perder o seu posto de trabalho”.

Seguiu-se a entrega ao Gabinete do Primeiro-ministro da carta da UGT, pelo Secretário-geral, Carlos Silva e a Presidente, Lucinda Dâmaso, na qual a central de forma dura a crispada avisa o Governo de que se nada for feito para uma alteração da atual situação, a UGT pondera avançar para uma greve geral.

Uma carta dura e realista

No documento entregue a António Costa, a UGT exige a mudança de atitude por parte de certos governantes – como o ministro da Educação e as ministras da Saúde, Justiça e Administração Pública — que “desprestigia o diálogo social”. 

“Com todo o respeito, senhor primeiro-ministro, tal atitude de vários governantes desprestigia o diálogo social e qualquer tentativa do movimento sindical de atingir os seus objetivos— ​dignificar o trabalho dos trabalhadores, incluindo aqueles de que o Estado é empregador, e que se dedicam briosamente às suas atividades profissionais em nome do Estado e ao serviço de todos os cidadãos. Tal desconsideração afeta a dedicação e a motivação de quem trabalha para auferir, no final de cada mês, um salário justo e a valorização do seu esforço”, lê-se na missiva da UGT.

O sector da Educação é “dos sectores que se sentem mais violentados com a ausência de uma negociação séria”. E prossegue: "Pese embora o papel relevante da atuação da senhora ministra da Saúde durante a crise pandémica, tal não justifica por si só que os sindicatos calem as suas legítimas reivindicações, o mesmo se passando na Justiça e na Administração Pública. Senhor primeiro-ministro, o exemplo vem sempre de quem está no topo da governação do Estado e o sector privado copia sempre o que de pior o estado exemplifica.”

A carta aborda também outros temas, como a forma de gestão da TAP (com destruição de postos de trabalho), dos CTT, das telecomunicações, dos sapadores florestais ou sector bancário. “Aliás, a situação na banca é tão dramática que a UGT e os seus sindicatos do sector (Mais Sindicato, SBN e SBC) se atrevem a suspeitar que existe cartelização entre os grandes bancos para uma redução histórica e inédita de postos de trabalho à custa da pandemia e dos seus efeitos”, alerta a UGT.

Aprovada por unanimidade em secretariado nacional, a carta fala de desregulação laboral, pressões e assédio, mas também de desvio de fundos e corrupção. “Tudo isto aliado a um conjunto de situações de corrupção, desvios de fundos, branqueamento de capitais, etc., etc., que parecem conduzir o nosso país a um clima de impunidade, em que tudo é permitido aos mais fortes e poderosos, restando aos mais frágeis, aqueles que são dependentes dos seus salários e dos seus vínculos socio-profissionais, observar todo este panorama com desânimo e incredulidade”.

Sapadores florestais presentes

Após uma concentração no Ministério do Ambiente e em dia de greve convocada pelo SNPC, sapadores florestais de todo o país juntaram-se à concentração da UGT, frente à residência do Primeiro-ministro, solidários com as reivindicações da central sindical que inclui as exigências dos sapadores florestais de mais rendimentos e melhores carreiras.

 

Leia a carta entregue ao Primeiro-Ministro AQUI

Veja as intervenções dos dirigentes sindicais abaixo