Foi em Vila Real que a UGT realizou este ano, as comemorações do Dia do Trabalhador.

A Praça do Município desta cidade nortenha recebeu todos aqueles que quiseram mostrar a força dos trabalhadores portugueses em mais um 1º de Maio numa que celebração contou com actuações musicais do Grupo de Cantares de Santa Marinha – Águas Santas, mas também do Grupo Etnográfico de Danças e Cantares “O Cantaréu” e do cantor famoso pelas suas imitações em palco, Fernando Pereira.

Durante o dia houve várias iniciativas dedicadas aos sindicatos e a todos os vila-realenses, incluindo a exposição e a entrega de prémios do concurso “Era uma vez...o 1º de Maio”, promovido pela FNE.

À tarde o momento alto da festa com os discursos político-sindicais e presença de dirigentes de todos os sindicatos da UGT em palco.

No seu discurso, o líder da central sindical foi bastante claro na sua resposta às dúbias afirmações do Primeiro Ministro quanto a “revisitar” o que está estabelecido, seja o Acordo de Rendimentos, a legislação laboral ou a Agenda para o Trabalho Digno. “A UGT não pode aceitar que estejamos de novo a assistir ao jogo político de mexer em tudo”, declarou Mário Mourão em Vila Real.

Retomando um tema sensível, Mário Mourão lembrou a mudança de governo, facto que não preocupa a central sindical, disse, frisando, no entanto, que não aceitará alterações aos compromissos assumidos.

A UGT e os seus sindicatos serão “duros e estaremos na linha da frente com as nossas reivindicações e com a exigência do cumprimento das promessas feitas, no passado recente, aos professores, aos polícias, aos funcionários judiciais, aos médicos e a outros profissionais da saúde, bem como a todos os trabalhadores da administração pública e do setor empresarial do Estado”.

E deixou claro: “É bom que os responsáveis políticos percebam que, apesar das mudanças, nem o executivo, nem os empresários, e muito menos a UGT, partimos do zero a cada novo governo, pelo que exigimos o cumprimento dos acordos anteriormente celebrados”, disse, evidenciando: “Quero aqui recordar compromissos recentes e que a todos cumpre manter.”

A este propósito, Mário Mourão especificou que a UGT exige respeito pelo compromisso assumido com o anterior governo na celebração do Acordo de Rendimentos e Salários e que não aceitará “ficar pela metade”, ou seja, é preciso “continuar esta trajetória de aumento dos salários, sendo este um fator de crescimento económico, a par com a dignificação do trabalho”.

O velho argumento de que “é necessário primeiro o crescimento económico e só depois o aumento dos salários” não pega e “não será” aceite, concluiu.

 

Salários e pensões

Salários e pensões dignos são uma das principais reivindicações da UGT, como Mário Mourão fez questão de lembrar. “O aumento do salário mínimo e de todos os salários, fundamentado na negociação coletiva, não pode ser a bandeira de um só governo”, tem de ser “bandeira de todos os governos”, afirmou.

E esses aumentos, essencialmente resultantes da negociação e da concertação social, “são um imperativo para o progresso social e económico do país”, disse o líder sindical, frisando que “não queremos ser o país dos baixos salários”.

Aumentos de salários e pensões são essenciais num país onde 10% dos trabalhadores são pobres, 40% dos desempregados são pobres e 30% dos reformados são pobres.

“E não venham com discursos em que a solução são os prémios ou ‘pagamentos por fora’”, rejeitou o líder da UGT, concluindo: “Esta estratégia só serve os interesses das empresas; deixa desprotegidos os trabalhadores em situação de doença ou desemprego e compromete as reformas destes trabalhadores.”

Reveja os discursos do Secretário-geral e da Presidente nos links abaixo