Docentes continuam desmotivados com inoperância da tutela e estão preocupados com as prioridades de Tiago Brandão Rodrigues. SPZC e FNE entregam proposta de alteração dos vencimentos das tabelas dos docentes que trabalham nas Misericórdias

Integrado numa delegação da FNE, o SPZC reuniu com o ME sobre as medidas do plano de recuperação das aprendizagens perdidas pelos alunos do ensino obrigatório devido à pandemia. O documento é globalmente positivo, do ponto de vista teórico, mas os dirigentes sindicais estão muito céticos sobre a sua concretização e a obtenção dos resultados desejados. O encontro serviu ainda para reiterar, de viva-voz, a imperiosa necessidade de resolver assuntos que preocupam e desestabilizam os educadores e professores.

Um dos assuntos que integra o vasto rol de problemas que se têm vindo a avolumar é o da aplicação do modelo de avaliação e a sua implicação na progressão na carreira docente. Os docentes sentem-se profundamente injustiçados com os entraves administrativos colocados no acesso aos 5.º e 7.º escalões, para além da forma pouco clara como decorrem os processos em algumas escolas. Este cenário, que se tem arrastado, em nada contribui para motivar e envolver os educadores e professores na concretização de uma educação de excelência.

Outras insatisfações há muito tempo instaladas dizem respeito ao acesso à aposentação em condições dignas e justas por parte dos docentes, a par do excesso de trabalho burocrático e a falta de clarificação das componentes letiva e não letiva.

O SPZC continuará ainda a envidar todos os esforços para que situação dos educadores de infância e dos professores do 1.º ciclo do Ensino Básico, que trabalham em regime de monodocência, sejam revistas. Sobre esta matéria, e por uma questão de rigor factual, é bom lembrar que a existência de uma carreira única, em vigor desde 1990, foi conseguida graças ao trabalho exclusivo da FNE e do SPZC. Muitos que agora a defendem, e que à época foram os seus principais detratores, ocultam e branqueiam esta verdade cristalina.

Sobre a essência destes e de outros problemas, que são da eminente responsabilidade do ministro da Educação, nada é dito e muito menos feito. Nos tempos que correm, a única prioridade de Tiago Brandão Rodrigues parece ser o futebol. Esta é a dedução que se pode retirar das suas declarações públicas nos últimos dias.

Ainda no campo das negociações, o SPZC e a FNE apresentaram à União das Misericórdias uma proposta de revisão do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e Acordo de Empresa (AE) para que se revejam os clausulados há muito tempo sem os necessários reajustamentos. O SPZC e a FNE vão, assim, ao encontro das necessidades dos docentes do sector.