A UGT realizou no passado dia 30 de Abril na Casa da Cultura de Figueiró dos Vinhos, um seminário intitulado “Mercado de Trabalho no Interior do País”, composto por dois painéis com os temas “Investir no Interior – Promover a Coesão Económica e Social em Portugal” e “Empregos de Qualidade – Qualificar para a Criação de Emprego”.

A sessão de abertura contou com as intervenções do Secretário-geral da UGT, Carlos Silva, da Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, e do Presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu.

Integrado nas comemorações do Dia do Trabalhador que este ano ocorreram em Figueiró dos Vinhos, o Secretário-geral da UGT iniciou a sua intervenção no seminário fazendo referência ao facto de esta pequena vila poder esperar no dia 1 de Maio cerca de dez mil pessoas oriundas de todo o país, sendo esta também uma forma de ajudar as economias locais, dando o exemplo das taxas de ocupação das unidades hoteleiras da região. Ainda no seu discurso aproveitou a oportunidade para anunciar que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou o convite endereçado pelo município de Figueiró dos Vinhos para presidir às solenidades do concelho, a dia 24 de junho, e também revelou que está prevista a abertura, até ao final do ano, de um pólo da Escola Profissional Agostinho Roseta, uma antiga aspiração dos figueiroenses que agora vai ser concretizada.

O Presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos depois de agradecer a presença da UGT e das restantes entidades neste encontro congratulou-se com a pertinência desta iniciativa face à conjuntura actual. “O País está desequilibrado e não pode continuar assim”, acrescentado que para fazer face a esta situação é necessário “um pacto de regime para possibilitar a descentralização”. Em relação aos incêndios do ano passado, Jorge Abreu reafirmou a sua preocupação “que se iria sentir muito mal se daqui a 10 anos voltarmos a passar por uma situação idêntica”.

Coube à Secretária de Estado do Turismo o encerramento da sessão de abertura com um discurso no qual destacou a aposta do Executivo em travar as assimetrias entre o litoral e o interior, lembrando que em 2015, 90 por cento da oferta e da procura turística ocorria no litoral, reafirmando que é função do Estado “arrastar o turismo até ao interior”, uma vez que o mercado sozinho não o faz, havendo assim uma necessidade de uma discriminação positiva para o interior.

Revelou depois alguns números do turismo português em 2017: as receitas do turismo alcançaram 15 mil milhões de euros e o número de turistas superou os 20 milhões, originando a criação, entre 2015 e 2017 de 74 mil postos de trabalho, sendo um factor positivo que esta aceleração foi gerada em regiões que não eram tradicionalmente turísticas: Centro, Alentejo e Açores. As dormidas em 2017 registaram um acréscimo de 7,6 milhões, enquanto que as receitas aumentaram quatro mil milhões de euros, com a particularidade de o seu crescimento ser superior em percentagem ao aumento de entrada de turistas. Tal significa que os turistas que chegam hoje a Portugal gastam mais dinheiro do que antigamente, o que pretende ser um objectivo a dar continuidade, a par do aumento turístico na época baixa.

Para Ana Mendes Godinho, existiram alguns factores que contribuíram para este desempenho positivo, desde logo a criação de programas especiais para o interior, com a criação de equipas dedicadas às questões do interior com a missão de fazer a ponte entre estas regiões e o poder central; mas também o desenvolvimento de uma linha especial de financiamento, designada “Valorizar”, que se destina à elaboração e produtos turísticos nas regiões de baixa densidade. Esta linha de financiamento iniciou-se com um montante de 10 milhões, que rapidamente se revelaram insuficientes, de acordo com a governante, face à quantidade de candidaturas de projetos. Esta linha de financiamento passou a 20, depois a 30 e finalmente a 60, estando actualmente aplicados 49 milhões de euros em 303 projetos aprovados, num investimento global de 60 milhões de euros. Para a Secretária de Estado, esta realidade demonstra que os territórios estavam ávidos de desenvolver projetos para a revitalização das regiões.

Em relação ao futuro, a governante revelou o regresso o programa Turismo Sénior, suspenso em 2012, e da comparticipação para as termas. Acrescentou ainda a aposta na qualificação profissional, nomeadamente por via das escolas de turismo, tendo como meta de nos próximos 10 anos duplicar o número de trabalhadores qualificados.

Terminou o discurso afirmando “trabalhamos para que o Turismo seja um factor importante para a coesão nacional”, acrescentando numa clara referência às comemorações do 1º de Maio que “Portugal foi eleito o melhor destino do Mundo, porque tem os melhores trabalhadores do Mundo”.

A tarde de debate prosseguiu com o painel “Investir no Interior – Promover a Coesão Económica e Social de Portugal”, que teve como oradores a Secretária-geral Adjunta da UGT, Paula Bernardo, o representante da central sindical na Unidade de Missão para a Valorização do Interior e também Presidente da UGT-Viseu, Manuel Teodósio, e Lino Ferreira, presidente da Associação Comercial Industrial e Serviços da Região de Leiria. A moderação deste painel esteve a cargo do Secretário-geral Adjunto, Luís Correia.

Após uma pequena pausa para café, seguiu-se o debate com os oradores João Dias da Silva, Secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), Luís Azinheira, presidente da Escola Profissional Agostinho Roseta, Jorge Mesquita, director do Centro de Formação Sindical e Aperfeiçoamento Profissional (CEFOSAP), e Jorge Gaspar, professor coordenador do Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa, estando a moderação do painel a cargo de Sérgio Monte, Secretário-geral Adjunto da UGT.

A sessão de encerramento contou com a presença e intervenções finais da Presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, e do sub-diretor-geral da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), Fernando Catarino José.