A UGT-Porto realizou ontem o seu III Congresso e elegeu Clara Quental, dirigente do Sindicato dos Bancários do Norte como a nova Presidente da União distrital.

A nova presidente no seu discurso de tomada de posse, referiu os números do desemprego no País e pediu a todos os dirigentes sindicais mais “trabalho e união”, para “colocar a UGT-Porto no mapa sindical de Portugal.”

No encerramento também tomou a palava o Secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que num discurso forte reafirmou que a central sindical “não fará fretes em relação à legislação laboral”, criticando a forma como as negociações relativas ao salário mínimo decorreram na concertação social.

E descreveu: “Antes de ir ao Parlamento sempre foi decisão desde 1986 discutir as matérias em sede de parceiros entre empregadores, sindicatos e Governo. Mas nos últimos anos tem-se assistido a uma força centrífuga que empurra para o parlamento competências da Concertação Social e pela primeira vez os patrões cederam à chantagem política que existe no país". No final acrescentou “nós [UGT] não vamos fazer fretes em relação a legislação laboral. Os patrões não têm legitimidade para vir bater à porta da UGT pedir batatinhas (...). Estamos cansados de ser acusados de ser muletas".

Para Carlos Silva, a UGT é a maior central sindical portuguesa porque, disse, "só pode ser uma verdadeira central sindical ao serviço do país quem, defendendo trabalhadores, não ignora que existem empresas e não ignora que existem outros organismos da atividade politica, económica e social".

O secretário-geral apontou ainda que "há muita gente confundida no país em relação ao momento que se vive", caracterizando-o como "ainda difícil para o movimento sindical". Numa referência clara às consequências das políticas de austeridade e ao facto de "muitos trabalhadores terem sido confrontados com despedimentos ou perdas de salário quando achavam que os sindicatos eram um bastião", referiu também que a “Europa está confrontada com uma perda de sindicalização na ordem dos vários milhões de homens e mulheres".

No final, o líder da UGT referiu que "uma das apostas da central é a qualificação dos trabalhadores" e lançou o apelo à Autoridade para as Condições do Trabalho para que tenha "coragem de entrar nas empresas".

Durante o seu discurso, Carlos Silva comentou ainda a actual situação vivida na Autoeuropa e fez algumas críticas à CGTP. Para o Secretário-geral, o que está a acontecer na empresa é um “caminho perigoso” e lembrou o que aconteceu no passado na Opel da Azambuja.

Carlos Silva afirmou que “se a Comissão de Trabalhadores decide aceitar pré-acordos, tem de assumir a responsabilidade de os assinar” e “não pode fazer um referendo ou um plenário de cada vez que há uma alteração”, apontando que “num universo de cerca 5.000 trabalhadores participam no plenário 400 ou 500”.

“Não vale a pena em Portugal, numa democracia com quase 44 anos, continuarmos a pensar que se chega a uma mesa de negociações, se tomam decisões e depois quando todos estão de acordo com o pré-acordo, vem-se cá para fora e diz-se aos trabalhadores: ‘assinei aquilo, mas não estou de acordo’. Instrumentalizam-se os trabalhadores e vendem gato por lebre. É o que está a acontecer na Autoeuropa e nós temos de ser sérios”, concluiu.