Cerca de 450 pessoas, das quais 360 trabalhadores da Carris, estiveram presentes no passado dia 14 de Maio, no Cinema São Jorge para debater e esclarecer as questões relativas ao caderno de encargos que está na base da subconcessão dos transportes públicos na área de Lisboa.

No debate organizado pelo SITRA e a FETESE, ambas as organizações sindicais filiadas na UGT, em conjunto com a Comissão de Trabalhadores da Carris, o SNM e a ASPTC estiveram presentes dois investigadores do Observatório para as Condições de Vida, Raquel Varela e Renato Guedes, que ajudaram os trabalhadores a desmontar o caderno de encargos e esclarecer as questões políticas, técnicas e jurídicas subjacentes a esta subconcessão.

Entre outras questões, os dois investigadores esclareceram que metade das receitas vão ser entregues à empresa subconcessionária e acrescentaram que neste caderno de encargos se adivinha um despedimento coletivo de cerca de 300 trabalhadores, aqueles que não passam para a empresa privada.

Por sua vez, nesta também se poderão vir a verificar despedimentos, por via da extinção do posto de trabalho, uma vez que, o caderno de encargos permite à concessionária proceder a uma adequação da rede.

Ainda segundo os dois teóricos, o caderno de encargos equipara o direito à greve a um ato de guerra. Uma questão que, nas palavras de Raquel Varela, ultrapassa mínimos democráticos.

No final de um debate bastante participado, seguiram-se aos discursos dos representantes dos trabalhadores.

Em nome do SITRA, Sérgio Monte, salientou a importância deste debate e das notas deixadas por um conjunto de investigadores independentes que apenas têm o interesse de defender o interesse público. Salientou que ficou bem patente que os contribuintes, em nome dos quais se pretende fazer esta concessão/privatização, não ficarão melhor servidos e terão ainda de suportar mais encargos.