A UGT voltou à rua e festejou o 49º Dia do Trabalhador em liberdade junto à Torre de Belém, em Lisboa. Com o mote em defesa de aumentos nos salários e reformas e mais oportunidades para os jovens, milhares de pessoas juntaram-se à UGT numa jornada de luta e de comemoração em família.

O dia começou com a 6º edição da Corrida UGT, na zona ribeirinha de Belém, que juntou cerca de 700 atletas que repartiram a sua participação entre uma corrida de 8 km e uma caminhada de 4 km. Este ano, a UGT abriu a corrida ao mais pequenos, com a realização da Kids Race, levando a que muitas famílias se juntassem nesta iniciativa.

As comemorações continuaram nos jardins da Torre de Belém com o convívio entre os sindicatos e muita música para animar os participantes, a cargo dos artistas convidados, 7 Saias e os HBM que encerraram o dia de festa.

Pelas 15h30, tiveram lugar os habituais discursos político partidários, a cargo da Presidente, Lucinda Dâmaso e do Secretário-geral, Mário Mourão.

No seu discurso, o Secretário-geral, afirmou que o tempo é de luta e de mobilização e garantiu que acionará a cláusula de salvaguarda do Acordo de Rendimentos, caso exista o agravamento da situação económica.

“Se assistirmos a um agravamento da situação económica e social do país, não teremos hesitações e acionaremos a cláusula de salvaguarda, para que situações passadas não se voltem a repetir, nomeadamente as que fragilizam a situação já precária dos trabalhadores e das suas famílias”, disse.

Mário Mourão afirmou que o trabalho neste domínio “não está concluído, há ainda muito a fazer”. “Não aceitaremos que este Acordo se fique pelo papel e que não seja acompanhado por políticas que lhe deem forma e consistência”, acrescentou.

Realçando as suas ações na defesa dos trabalhadores, defendeu que “o tempo é de mobilização e de luta” e justificou: “No nosso ADN está o diálogo e a negociação, mas não abandonaremos as ações de luta sempre que se justifiquem, como aliás já está a acontecer em vários setores de atividade”.

“Estamos ao lado dos trabalhadores e faremos tudo para que não sejam eles os únicos a pagar a fatura das sucessivas crises que enfrentamos”, acrescentou.

No seu discurso, o Secretário-geral desafiou o Governo a concretizar a intenção de desagravamento de impostos em dois mil milhões de euros “e efetivamente diminuir a carga fiscal, nomeadamente aquela que diz respeito aos rendimentos do trabalho e mais intensamente no IRS, uma vez que é este imposto que mais sobe em percentagem com o PIB”.

Os empresários também não ficaram de fora das críticas do líder sindical, a quem Mário Mourão apelou para que “assumam o compromisso, sem reservas, de contribuir para o esforço coletivo de aumento dos salários e da melhoria das condições de trabalho dos seus trabalhadores, por via da negociação coletiva”.

Considerou ainda inaceitável que “existam empresas que persistem na perseguição e no assédio aos trabalhadores que são discriminados pelo simples facto de serem sindicalizados”.

Encorajou os sindicatos “a dinamizar a negociação coletiva e a promover o diálogo social nas empresas”. 

“Vivemos, aqui e ali, tentativas, mais ou menos encapotadas, de enfraquecer o papel e a intervenção dos parceiros sociais naquele que deve ser o fórum privilegiado para o reforço do diálogo e da negociação. Não podemos repetir situações do passado recente, nem permitir manobras que enfraqueçam a concertação social”, salientou.

Para Mário Mourão, “os sindicatos, em particular os da UGT, são o garante de uma negociação responsável que não cede a populismos”.

Além dos trabalhadores e dos jovens, pode ler-se no seu discurso (ver link abaixo), que a central sindical se bate pela defesa dos pensionistas e sublinhando “a necessidade de assegurar a sustentabilidade da Segurança Social e a adequação da proteção social”. 

“Aguardamos com expectativa as conclusões do estudo da Comissão, nomeada pelo Governo, para a sustentabilidade da Segurança Social, no sentido de diversificar as suas fontes de financiamento face à evolução digital e tecnológica em curso, o mundo do trabalho”, afirmou Mário Mourão.

Assegurou que a UGT está atenta “a eventuais tentativas de alteração” de um modelo público, universal e solidário”.

Houve ainda espaço para uma referência às mortes nos locais de trabalho, assinalando o Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, celebrado no passado dia 28 de Abril, referiu “dizem que desde 2022 até abril deste ano, morreram no local de trabalho 148 pessoas. Saíram de manhã de casa para trabalhar e não regressaram às suas residências. Este é o flagelo que pode e deve ser evitado. E não esqueceremos ainda os casos deploráveis de exploração de trabalhadores migrantes, que elegeram Portugal como destino nas suas vidas e dão um importante contributo ao país. A UGT não deixará de denunciar estes temas a trazê-los à agenda pública”.